sexta-feira, 30 de novembro de 2012

SOBRE MARIO DE ANDRADE - IVAN EVALDO KUSSLER - IVAM EVALDO KUSSLER


SOBRE MARIO DE ANDRADE - IVAN EVALDO KUSSLER - IVAM EVALDO KUSSLER


SOBRE MARIO DE ANDRADE - IVAN EVALDO KUSSLER - IVAM EVALDO KUSSLER


SOBRE MARIO DE ANDRADE - IVAN EVALDO KUSSLER - IVAM EVALDO KUSSLER



A poesia de Mário de Andrade


Mário Raul de Morais Andrade é por muitos considerado a maior figura do nosso modernismo inicial. Nasceu em São Paulo, em 9 de outubro de 1893 e faleceu no dia 25 de fevereiro de 1945. Não deixou nome somente como poeta, mas também como crítico literário, ficcionista e estudioso de folclore, música e artes plásticas. Sob o pseudônimo de Mário Sobral publicou em 1917 seu primeiro livro, "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema", de caráter antigermânico (estava-se na 1ª Grande Guerra), onde já demonstrava sinais de inconformação, embora não se destaque em originalidade. Mas poema de Vanguarda, mesmo escreveu-o em dezembro de 1920, Paulicéia Desvairada, “chuço dourado” que se cravou no coração do “passadismo” e que Oswald de Andrade tomou como obra futurista, no sentido de inovadora. O “Papa do novo Credo”, como foi chamado por Menotti Del Picchia, antecedeu a Paulicéia Desvairada com um “prefácio interessantíssimo” no qual expôs suas idéias de que poesia nao era apenas lirismo, mas lirismo somado à arte.

O livro seguinte de Mário, "A Escrava que não é Isaura", também é de teoria poética; O "Losango Cáqui", de versos, foi bastante atacado, pois julgaram alguns que não representava o Modernismo: assim Sérgio Milliet. Observa Manuel Bandeira, contudo, que nesse livro em que “o poeta se inebriou de manhã e de imprevistos” há uma frescura de sensações e de imagens sem igual na obra restante do autor – e o livro é de fato um hino às sensações.

Em "Clã do Jabuti" há o aproveitamento de raízes populares, indígenas ou históricas, e surge a nota da solidariedade humana, que marcaria agudamente o fim da vida do poeta; em "Remate de Males" Mário já está muito longe do desvairismo do início: atinge uma expressão simples e densa, sem nada de “arlequinal”, e depois disso o que há a ressaltar é que a poesia de Mário se fêz definitivamente solidária, interessada pelo destino e pela dignidade da vida dos homens.
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Inspiração

“Onde até na força do verão havia
tempestades de ventos e frios de
crudelíssimo inverno.”
Fr. Luís de Sousa

São Paulo! Comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...

São Paulo! Comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da América!
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Lundu do escritor difícil
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Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez.
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Cortina de brim caipora,
Com teia caranguejeira
E enfeite ruim de caipira,
Fale fala brasileira
Que você enxerga bonito
Tanta luz nesta capoeira
Tal-e-qual numa gupiara.
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Misturo tudo num saco,
Mas gaúcho maranhense
Que pára no Mato Grosso,
Bate este angu de caroço
Ver sopa de caruru;
A vida é mesmo um buraco,
Bobo é quem não é tatu!
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Eu sou um escritor difícil,
Porém culpa de quem é!...
Todo difícil é fácil,
Abasta a gente saber.
Bajé, pixé, chué, ôh "xavié"
De tão fácil virou fóssil,
O difícil é aprender!
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Virtude de urubutinga
De enxergar tudo de longe!
Não carece vestir tanga
Pra penetrar meu caçanje!
Você sabe o francês "singe"
Mas não sabe o que é guariba?
— Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja.

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